segunda-feira, 19 de abril de 2021

 Máquina do Mito

Perséfone semeia panorama de romãs
do cultivo o hálito cor de amora
expelindo, madurando
outro início de estação
MÁQUINA DEL MITO
Perséfone siembra panorama de granadas
del cultivo el hálito color de mora
expeliendo, madurando
otro inicio de estación
(Traducción de Mariano Shifman)

Comentar
Compartilhar

terça-feira, 26 de janeiro de 2021


 

 paisagem paralela

o córrego ipiranga
flui seu código
silencioso
caminho rente
sol ardido, banzo
da tarde de terça
trailer abandonado
loja de autopeças
dom quixote de faróis
tanque escapamento
distraído, esqueço
o trânsito da avenida
vertigem: recordo
o jardim da saúde,
um quintal e a pitangueira
do rubens na rua frei rolim

domingo, 24 de janeiro de 2021

 

domingo

 

 

prédio do estadão:

o boneco do posto

dança entre os fios

de alta tensão

 

dia de musgo:

cotidiano, circular,

portal do acaso

 

nado sincronizado

marinheiro de aquário

na marginal tietê


 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

o sábado é de
plástico-bolha
promessa de felicidade
luzes desmaiadas
numa festa da memória
cheiro de gasolina
esfirra no micro-ondas
da loja de conveniência
vale-disco da hi-fi
raindrops keep
fallin’ on my head
e o telefone dela
num papel amassado

 checklist

o farol da praia de agnés varda
castelinho de areia desfeito
o aro dos óculos de acetato
o sol nos olhos castanhos
mil tons do vestido preto
um acorde de summertime
as capas das revistas de moda
astaire no palco de papelão
piquenique e jogo da amarelinha
um saquinho de pipoca doce
suspiros na ponte cenográfica
uma chuva de inverno temporão
o lanterninha do cine marrocos
os desenhos ondulados da calçada
o triciclo com cestinho de flores
o verso bordado na pele
chiclete on the rocks
o álbum amar é
um retrato ao acaso
o balcão da La suíssa
só esqueceu o lembrete
desviar-se da quina dos
móveis pé de palito que
inibem seus caminhos

 radiografia

as horas têm vozes
monótonas
repetem a mesma conversa
sem mistério
nas filas e ruas escuras
a miragem
desfeita dela
como um eco rindo
das nossas caras
a cidade pátio aberto multidão
a escada de ferro cheiro
de mijo
os dias e o silêncio cruel
parecia
mas não era
uma jarra quebrada